O atacante Guilherme Dellatorre desembarcou no Internacional em 2011, após deixar o Desportivo Brasil e com o carimbo de artilheiro da Copa São Paulo de Futebol Júnior, principal competição de base do Brasil. Conquistou título de relevância no Clube do Povo, mas não teve a continuidade esperada.
O avante foi titular na vitória de 3 a 1 sobre o Independiente-ARG, que culminou no título da Recopa Sul-Americana. Ganhou mais oportunidades, mas não foi às redes no grupo principal, como era de costume nas categorias de base e foi despromovido ao time B.
Em 29 de junho de 2012, Dellatorre foi ao CT Parque Gigante para se despedir de seus companheiros rumo ao Porto, de Portugal. Rodou por outras equipes e atualmente defende as cores do CSA, onde ostenta ótimos números.
Com a camisa do clube alagoano, está na semifinal do estadual e participou de 17 partidas, com 11 gols marcados. O jogador de 29 anos ainda colaborou com uma assistência.
Em entrevista exclusiva ao portal Resistência Colorada, Dellatorre revelou que há uma certa mágoa como foi conduzida a situação no Inter, mas que o sentimento pelo Colorado é de total gratidão e ainda comentou sobre o que diz ser seu melhor momento na carreira. Veja abaixo:
RC: Você foi artilheiro na Copa São Paulo de Futebol Júnior em 2011 com o Desportivo Brasil e depois desembarcou no Inter, onde foi campeão gaúcho e da Recopa, mas não se firmou entre os titulares e saiu sem marcar gol. Por que você acha que não deu certo no Beira-Rio?
Acredito que as coisas aconteceram muito rápido para mim na época do Inter. Nunca tinha jogado em time grande e já cheguei com status importante, artilheiro da Copa São Paulo. Quatro meses depois já estava no grupo principal. As coisas aconteceram muito rápido. Sou eternamente grato ao Inter por ter me dado a primeira oportunidade no profissional.
Antes de deixar o Inter para ir ao Porto, em 2012, deixou o grupo principal para treinar com o sub-23. Há alguma mágoa por esta “despromoção”?
A gente fica chateado como foi conduzida a situação, a gente já tinha jogado 15 jogos, titular em muitos, mas eu entendo pela grandeza do Inter, sempre contrata jogadores de nome. Na época de 2012 contrataram o Dagoberto, com certeza ele veio com o status para jogar. Mas eu era muito novo, não tive a maturidade de esperar meu tempo, não soube esperar, aguardar, para depois ter novamente minha oportunidade na equipe principal.
Tem vontade de voltar ao Inter?
Com certeza, quem não pensa em jogar no Inter? O clube mudou muito. É um grande clube, fui muito feliz em Porto Alegre, tenho um carinho muito grande. Me deu a primeira oportunidade profissional, consegui meu primeiro título. Quem sabe um dia eu posso retornar a vestir essa camisa novamente, seria uma honra para mim.
Você jogou o clássico contra o CRB e também o Gre-Nal. Há alguma comparação entre as rivalidades?
Eu acredito que não tem diferenças, são dois clássicos que envolvem o Estado. Aqui em Alagoas todo mundo torce por CRB ou CSA, no Rio Grande do Sul é Inter ou Grêmio. Fico muito feliz de poder participar deste tipo de jogo, que é muito importante para a minha carreira também.
Essa é a sua melhor temporada em números como profissional, 17 jogos, 11 bolas na rede, além de um passe para gol. Em 2020, por exemplo, foram 26 jogos e três tentos anotados pelo Brasil de Pelotas. A que se deve esta mudança e boa fase?
Ano passado eu vim de uma lesão no joelho, 2019 praticamente eu passei o ano todo tratando da lesão. E ano passado, com o Brasil de Pelotas, com o intuito totalmente diferente, a mentalidade do clube era a permanência na Série B, jogadores buscando seu espaço. Hoje aqui no CSA o pensamento é totalmente diferente, o clube investiu para conseguir seu objetivo, subir para a Série A. O que me ajudou também foi que fizemos uma pré-temporada de 15 dias, eu pude ver como a equipe jogava, me entrosar com os companheiros para estar 100% para defender as cores do CSA. Os jogadores, o clube, me receberam muito bem aqui. Acredito que quando o extracampo vai bem reflete dentro de campo. Este ano, nos números, está sendo a minha melhor fase na carreira aqui no Brasil e fico feliz de poder ajudar o CSA.
Você jogou na Ásia, Europa e América do Sul. Quais as diferenças no futebol destas regiões?
Graças a Deus tive a oportunidade de jogar fora do país. Na Europa, minha primeira experiência foi em Portugal, o que facilitou bastante. A língua, a comida é parecida, então minha adaptação aconteceu muito rápido. Na Ásia é um choque cultural, totalmente diferente. Mas fui bem recebido na Tailândia, onde gostei muito de atuar, são jogos bem disputados, não é igual ao Brasil, mas o nível entre as equipes é bem competitivo, tem também jogadores de outros países que agregam qualidade. Depois tive a oportunidade de atuar no Apoel, do Chipre, onde pude ser campeão, disputar as fases iniciais da Liga dos Campeões e Liga Europa, foram momentos importantes, profissionalmente e como ser humano também.
O CSA foi eliminado na segunda fase da Copa do Brasil para o Remo e quartas da Copa do Nordeste para o Fortaleza. Agora para a sequência da temporada há o Alagoano e Série B. É sonhar muito alto conquistar o título estadual e mais o acesso à Série A?
Aqui no CSA, o planejamento de todos do clube é vencer todos os jogos, todos os campeonatos que participar é para ganhar. Nosso pensamento é jogo a jogo, estamos na semifinal do Campeonato Alagoano, vamos na busca do título e logo depois pensar no maior objetivo da temporada, subir para a Série A. Estamos no caminho certo, estamos bem preparados e treinados, acredito que vamos conseguir nosso objetivo principal.